ESTRABISMO
Estrabismo é um distúrbio que afeta o paralelismo entre os dois olhos, que apontam para direções diferentes. Ele pode surgir nos primeiros meses de vida nas crianças maiores e nos adultos por diferentes razões.
Estrabismo é um distúrbio que afeta o paralelismo entre os dois olhos, que apontam para direções diferentes. Ele pode ser classificado em convergente (esotropia), quando um ou ambos os olhos se movem para dentro, na direção do nariz; em divergente (exotropia), quando um ou os dois olhos se deslocam para fora e em vertical (hipertropia), quando o deslocamento ocorre para cima ou para baixo.
Esses desvios oculares podem ser constantes e ocorrer sempre no mesmo olho (monoculares) ou manifestar-se ora num, ora no outro olho (alternantes). Podem, ainda, ser intermitentes (surgem só de vez em quando) ou latentes, também chamados de forias, quando a perda do alinhamento só fica visível sob certas condições, o que ocorre nas fotografias, por exemplo.
O estrabismo pode surgir nos primeiros meses de vida, nas crianças maiores e nos adultos por diferentes razões. Até os três meses de idade, a falta de controle do movimento dos olhos não caracteriza a alteração.
CAUSAS
O movimento dos olhos é controlado por seis pares de músculos comandados pelos nervos cranianos que, por sua vez, estão conectados ao sistema nervoso central. Esses músculos precisam agir em perfeito equilíbrio e sincronia para que os olhos permaneçam alinhados.
Entretanto, alguns fatores podem comprometer esse funcionamento harmônico e provocar o estrabismo. Entre as causas prováveis, destacam-se: dificuldade motora para coordenar o movimento dos dois olhos; grau elevado de hipermetropia, que obriga forçar a aproximação dos olhos para compensar a dificuldade de visão (endotropia acomodativa) ; baixa visão em um dos olhos; doenças neurológicas (AVC, paralisia cerebral, traumas), genéticas (síndrome de Down), oculares (catarata congênita), infecciosas (meningite, encefalite), da tireoide, diabetes e hereditariedade.
SINTOMAS
Os sinais do estrabismo variam de acordo com a idade em que a alteração se manifesta. Nos primeiros anos de vida, não há referência ao principal sintoma: a visão dupla ou diplopia. Ele não aparece nas crianças, porque elas desenvolvem um mecanismo de supressão e apagam a imagem formada pelo olho que sofreu o desvio. Como consequência, por desuso, não se desenvolve a região do cérebro responsável pela visão desse olho, e a imagem vai ficando cada vez mais fraca até desaparecer por completo. Essa perda progressiva da visão é conhecida por ambliopia.
No entanto, a diplopia é uma queixa sempre presente nos casos de estrabismo, que se manifestam mais tarde nas crianças maiores e nos adultos. Outros sintomas são a dor de cabeça e o torcicolo, uma inclinação da cabeça que a pessoa estrábica faz para poder enxergar melhor.
DIAGNÓSTICO
O teste do reflexo para avaliar se o foco de luz está centralizado nas duas pupilas é fundamental para o diagnóstico do estrabismo. Outros exames oftalmológicos, como os de acuidade visual (teste padrão de listas), de fundo de olho, de oclusão e movimento ocular e para avaliar o tamanho do desvio (covertest) são úteis para confirmação o diagnóstico.
É sempre importante verificar se o aparente desvio dos olhos não é uma característica do pseudoestrabismo ou falso estrabismo, provocado por uma alteração anatômica bastante frequente. Ela ocorre quando a base do nariz é mais larga e a pele que recobre parte da esclera (o branco dos olhos) dão a falsa impressão de estrabismo.
TRATAMENTO
O tratamento do estrabismo começa pela correção das causas que provocaram o distúrbio. Quanto antes for instituído, melhores e mais rápidos serão os resultados. As medidas terapêuticas têm por objetivo principal corrigir os problemas visuais e incluem aplicação de colírios, uso de óculos, exercícios ortóticos para o fortalecimento dos músculos, tamponamento do olho com visão normal para estimular o outro com deficiência, especialmente nos casos de ampliopia, conhecidos popularmente como olho preguiçoso.
A cirurgia só é recomendada quando o desvio se mantém depois de corrigido o distúrbio que comprometia a visão. O tamanho do desvio é que determina se os músculos de apenas um ou dos dois olhos devem ser operados.
Em alguns casos selecionados, a aplicação de toxina botulínica representa uma alternativa para a correção do desvio.
RECOMENDAÇÕES
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É um erro acreditar que o estrabismo desaparece com o crescimento. Assim que o desvio ocular for notado nas crianças, elas devem se encaminhadas para avaliação oftalmológica;
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O estrabismo pode ser tratado e corrigido em qualquer idade, mas os resultados são sempre melhores se o tratamento for seguido à risca e precocemente iniciado. A falta de tratamento adequado pode reverter na perda total da visão do olho desviado.
Fonte: Drauzio Varella